Em 1905 o jovem Albert Einstein chocou o mundo. Nesse ano derrubou as premissas vigentes do seu tempo e mudou a forma como vemos o universo, transformando para sempre a forma como pensamos de tempo, espaço, massa, energia e luz. Abriu o caminho para o mundo moderno.
No entanto, 22 anos depois, foi a vez de Einstein ficar preso no lamaçal dos seus próprios pressupostos. Na famosa rodada de debates com Niels Bohr, ele foi incapaz de aceitar as consequências do mundo quântico que, de facto, ele tinha tornado possível em 1905, insistindo que "Deus não joga dados com o universo."
O problema de Einstein não estava em perceber a importância de uma idéia nova, mas aceitar uma plataforma completamente nova para a física e que levou a coisas como lasers, microprocessadores e iPhones, e condenou o resto de sua carreira. Hoje, enfrentamos um dilema similar. Novas plataformas obrigam a não alterar apenas o nosso comportamento, mas as nossas suposições sobre como o mundo funciona.
Há uns anos atrás era frequente ouvir gestores dizerem "Eu não permito Facebook ou Skype no escritório", "só serve para as pessoas brincarem, quando deveriam estar a trabalhar". Os gestores viam os social media como uma ameaça para a produtividade dos colaboradores e estavam determinados a impedir a entrada nas empresas dessas "distrações".
No entanto os próprios gestores nessa altura utilizavam já o Skype, mas claro que "Isso era diferente. Eles precisavam falar com pessoas em diferentes países e o Skype é muito mais eficiente. "(Atualmente para que também gostam do Facebook messenger).
No início, os social media eram usados principalmente para as relações sociais.
Early adopters, que tendiam a ser mais jovens, e que utilizavam para comunicar com as coisas que lhes interessavam. No entanto, sempre foi uma plataforma de comunicação e funciona muito bem para outros tipos de informação, como conversas importantes com parceiros no exterior.
Hoje os social media são a principal fonte de notícias para muitas áreas que me interessam. Não é uma função das próprias plataformas mas sim de quem estamos ligamos, especialistas em áreas específicas, que têm acesso imediato a informações que seriam difícil de encontrar em qualquer outro lugar.
Einstein nunca foi capaz de aceitar o novo mundo quântico que ele próprio mostrou ao mundo e passou o resto de sua vida como um mero espetáculo à parte na comunidade física. Ele era reverenciado pelas seus feitos passadas, mas poucos levaram a sério o seu trabalho posterior. Como Robert Oppenheimer afirmou " his tradition in a certain sense failed him" tendo-se tornado "um marco, não um farol".
Atualmente é difícil que alguém tenha o mesmo destino de Einstein. Hoje as coisas movem-se muito mais rápido. Enquanto que no passado podíamos esperar até aprendermos uma profissão e seguirmos uma carreira simples, os modelos de negócio de hoje não duram. Um recente estudo prevê que 50% dos postos de trabalho de hoje deixarão de exitir daqui a dez anos.
Precisamos de nos libertar das suposições do passado. Já não vivemos num mundo de produtos, mas de plataformas. O New York Times é um produto, dedicado a tradições e valores específicos. Buzzfeed é uma plataforma, a qual pode acomodar uma variedade de produtos. O mesmo se aplica às social media e às redes.
Como Chris Dixon disse, a próxima grande coisa começa sempre como se fosse um brinquedo. É fácil gozar os early adopters, que utilizam novas plataformas por ex. de vídeos de gatos, sexting ou venda de drogas, mas isso não nos deve cegar para as novas capacidades que pode impulsionar novas formas de estar no mundo global. Temos de adaptar as nossas perspectivas e as nossas habilidades ou corremos o risco de nos tornarmos irrelevantes.
Numa época de disrupção a única estratégia viável é adaptar-se.
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